segunda-feira, 7 de junho de 2010

O pior do stress é a ilusão de que está tudo sobre controle.

Erros e acertos são o que mais têm acontecido e continuarão acontecendo no mundo das empresas que passaram e passam por mudanças. Lembrando sempre que as mudanças organizacionais só ocorrem se as pessoas que estão envolvidas mudarem a maneira de encarar as situações. Isso requer dizer que elas devem mudar suas atitudes.

No entanto, se você faz as mesmas coisas sempre, obterá sempre os mesmos resultados. Com isso quero reafirmar que as primeiras mudanças, e as únicas que são capazes de gerar resultados diferentes, vêm de dentro das pessoas.

Abaixo repassamos doze erros mais comuns observados em ambientes empresariais em transformação, e indicamos algumas regras que podem ser aplicadas às situações mais comuns, quando o estresse da mudança nos parece que nunca mais irá acabar.

Erro número 1: Tentar controlar o incontrolável
Regra para sobrevivência: pergunte o tempo todo se os esforços para controle fazem sentido. Você está em posição de controlar a situação ou, ao tentar fazê-lo ficará emocionalmente cansado. Algumas vezes, as mudanças as quais reagimos vêm a nós exatamente para nos ensinar a aceitar o que não podemos mudar. Não vale a pena colocar energia naquilo que não podemos mudar! No entanto, não é preciso fazer como fez nossa Ministra do Turismo, que quando perguntada sobre as crises nos aeroportos saiu com esta pérola:" relaxem e gozem". As pessoas e situações merecem atenção e respeito.

Erro número 2: Esperar que os outros reduzam o seu estresse
Regra para sobrevivência: não conte com ninguém para aliviar seu estresse. Coloque-se numa posição de administrador da sua própria tensão. Há uma boa chance de você ser o único, na sua situação de trabalho, que poderá fazer algo para tornar mais leve sua carga psicológica e, conseqüentemente, minimizar sua resistência. A luta é se educar, alterar o comportamento, e forçar a mudança de hábitos.

Erro número 3: Decidir não mudar ou fazer de conta que nada está acontecendo
Regra para sobrevivência: a organização está mudando para sobreviver e prosperar. Ao invés de bater sua cabeça contra a parede da dura realidade,e isso chegar a atingir a sua alma, invista sua energia em rápidos ajustes. Mova-se quando a organização mudar. Pratique alinhamentos instantâneos. Sua própria decisão pode fazer mais para determinar seu nível de estresse do que qualquer outra coisa dentro da organização. Cuidado com a paralisia de paradigmas. Não aceite conselhos do tipo: "Sempre foi assim , sempre deu certo", ou aquele outro famoso: " Em time que está ganhando não se mexe!". Ainda há administradores que dizem: " No andar da carroça as melancias se ajeitam". É bom lembrar que neste ditado estão duas coisas: um burro e uma carroça! Não pode servir de exemplo para você e sua empresa.

Erro número 4: Agir como uma vítima
Regra para sobrevivência: aceite o fato consumado e continue andando; não estacione. Não ceda ao sedutor impulso de sentir pena de si próprio, ao menos por longo período de tempo. Agir como vítima ameaça o seu futuro. Use o melhor de você para não valorizar frustrações e parecer improdutivo diante da situação. Mantenha sua auto estima, junte as peças e planeje-se para o futuro. É hora de realinhar seus propósitos e rearrumar sua visão para o futuro. Nesta hora é preciso avaliar os pessimistas. Em tempo de mudanças aqueles que dizem que não dá para fazer, devem sair do caminho daqueles que estão fazendo.

Erro número 5: Tentar jogar um novo jogo com velhas regras
Regra para sobrevivência: estude a situação atentamente: Faça uma imagem de como o jogo mudou, visualize o tabuleiro, e todas as suas peças. Reavalie as prioridades e perceba como estas serão reordenadas. Decida quais aspectos de seu trabalho você deverá focalizar para elevar sua efetividade ao máximo. Pergunte: O que hoje é impossivel de fazer na minha empresa , mas que se fosse feito modificaria radicalmente o que estamos fazendo. Pergunte-se: O que hoje é impossivel de se fazer na minha vida , mas que se fosse feito modificaria radicalmente minha vida. Brinque com estas perguntas, pois um dia vai ter que encará-las.

Erro número 6: Projetar baixo grau de estresse no trabalho durante a mudança
Regra para sobrevivência: não caia na armadillha de crer que há alguém querendo "aprontar" para você. O estresse não desgasta. É o processo que é desgastante. Esteja ciente de que é preciso muita paciência e aceitação. Esse é o primeiro passo para se garantir que apesar do nível de estresse ser alto, mas seguramente é administrável. Esteja atento para não comprometer o seu organismo e são vários os sintomas orgânicos do estresse. Desde a insônia e a perda de memória, até cansaço e respiração. É bom sempre lembrar que mudanças geralmente começam nos limites. Hora então de se perguntar: Devemos estar primeiro na UTI (unidade de terapia intensiva) para depois mudar?

Erro número 7: Escolher seu próprio ritmo de mudança
Regra para sobrevivência: mantenha-se afinado com o tamanho da mudança pretendida. Conduza-se de forma a acompanhar as pessoas encarregadas da mudança, ao invés de permitir a você próprio agir conforme você quer, sente ou necessita. Lembre-se: esse é um momento provisório. Não retardar a mudança gera uma chance da bonança vir junto e ainda lhe dá uma chance para você mesmo colocar as rédeas na mudança. Hora de ter coragem e confiança nas idéias. Os pioneiros de um paradigma não possuem números para provar suas idéias. As mudanças que mais dão certo e com maior retorno, são as intuitivas. Alie intuição, coragem e confiança. As histórias de sucesso das grandes empresas nasceram assim.

Erro número 8: Ter a expectativa de que, num curto prazo, o bônus da mudança superará as perdas
Regra para sobrevivência: lembre-se de que para cada mudança consumada há uma curva de aprendizado. O tempo pode ser um grande amigo ou inimigo; cabe a você decidir como trabalhar na transição. Seja amigo daqueles que desejam compartilhar suas inseguranças, crie espaço seguro para ouvir. Procure compartilhar seus sonhos, seja para que prazo for. Mudanças normalmente ocorrem com pessoas de fora de sua vivência. Isso quer dizer que é hora de escutar: escutar seu fornecedor, escutar seu concorrente, escutar seu funcionário. E ler, ler muito, sobre tudo, inclusive aquilo sobre o qual nada conheço, ou que não tenha nada a ver com meu trabalho. Se você não puder fazer isso, puxe alguém que tenha sensibilidade e conhecimento para perto de você. A hora é de Inteligência Emocional.

Erro número 9: Fazer parcerias com aqueles que não aprovam a mudança para se sentir seguro
Regra para sobrevivência: esqueça as alianças do contra. Mais cedo ou mais tarde as mudanças ocorrerão e nada melhor do que não ter feito força contrária. Procure dialogar com aqueles que se aproximam na tentativa de formar uma grande barreira. Tente aliviá-los e lhes dê espaço para desabafar. Lembre-se sempre de que a atração é uma resultante da troca de energia e você é responsável pelo campo energético que cria ao redor de si. Crie o clima para incentivar ao máximo as sugestões e análises de novas idéias, mesmo aquelas que você considera malucas. O que é impossivel com um paradigma pode ser fácil com outro. Por isso é hora de investir na qualidade da equipe. Qualidade é uma "doença" que se não pegarmos não sobreviveremos.

Erro número 10: Fazer de conta que você concorda com tudo e por trás dos panos mostrar-se como o "do contra"
Regra para sobrevivência: se você discorda de alguns aspectos, ou eventualmente até de todos, procure discutir o assunto com as pessoas que estão gerenciando a mudança. Pense em iniciar o processo de criação de um campo magnético favorável à aceitação das mudanças e você se sentirá muito menos ansioso. É preciso muita sensibilidade e percepção para captar as mudanças, tanto internas , quanto externas. Nos anos 60 a Suiça demitiu 50.000 dos seus 65.000 relojoeiros porque faltou sensibilidade para perceber a mudança de paradigmas nos relógios. Tem horas que precisamos ter a capacidade de voltar a zero, o nosso passado não representa nada quando muda um paradigma. Das 500 maiores empresas de 20 anos atrás, hoje só tem 150 no mercado. E as pesquisas comprovam que não é o mercado que mata as empresas, é a incapacidade delas de perceber a mudança do mercado.

Erro número 11: Ser o arauto da mensagem de que as mudanças trarão o pior
Regra para sobrevivência: não é a mudança que causa danos, é a resistência a ela. Pense nisso, reflita sobre todas as mudanças que você já vivenciou e tire suas próprias conclusões. Enquanto você quiser ter todo o controle da situação dentro das suas referências e exclusivamente com elas, você corre o risco de ficar com um tremendo estresse, principalmente quando perceber que está falando sozinho! Não esqueça: o que é impossivel hoje pode ser o padrão amanhã. A nossa vida e a vida de nossa empresa em momentos de mudanças de paradigmas podem ser analisadas de duas maneiras: ameaça ou oportunidade. A escolha é toda nossa!

Erro número 12: Seguir à risca essas doze regras para sobrevivência
Regra para sobrevivência: não pense que se você seguir essas regras estará pronto para enfrentar os processos de mudança. Você pode ser contra o emprego de afirmações pró ou anti-neurolinguísticas! Isso não acontecerá. Não pense que quem escreveu isso o fez de improviso, isso não é verdade. Isso é produto do maior professor , isto é: os erros. E ainda bem que eles existem. Se descobrirmos a fórmula pronta de lidarmos com as mudanças, tão certas em nossas vidas, perderemos algumas das razões de viver. O ser humano necessita da aventura, da descoberta, do inusitado, da inovação, das surpresas. Vale a pena os riscos, mesmo com todas as conseqüências que algumas mudanças por certo trazem e que nem sempre muito boas. Mas se a enfrentarmos, certamente não estaremos fazendo das nossas vidas organizacionais um tédio!

Luiz Antonio da Silva, ex-formador de equipes do Banco Itaú SA, diretor/facilitador e articulista diário da Pharol-RH, consultor de RH/Empreteco/Sebrae/SC, credenciado pelo Sescoop/Pr/SC, formado em BioPsicologia. Capacitador em Inteligência Emocional.

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