segunda-feira, 17 de maio de 2010

E o Twitter desemprega mais um

Não faz muito tempo que a Locaweb anunciou (30/3) a demissão de Alex Glikas, diretor comercial da companhia por dar uma bela escorregada no Twitter. Alex, durante um jogo entre Corinthians e São Paulo, publicou em seu Twitter algumas mensagens contra o São Paulo Futebol Clube. Quando o goleiro Rogério Ceni falhou ele soltou um tweet que dizia: "Sou fã do Rogério Ceni. Se ele continuar assim, tá ótimo! Chupa Bambizada!". Mas não parou por aí, Alex ainda soltou: "Vamo Locaweb! Chupa Bambizada! Timão eooo!". O agravante é que naquele mesmo jogo a Locaweb estava patrocinando o São Paulo.
Alex pisou na bola? Bem, é discutível. Em tese o perfil é DELE, não da empresa, logo ele estava ali dando uma opinião pessoal que não tem NADA com a postura oficial… até citar a empresa. Essa cagada justifica o bode ter comido o cartão de ponto de Glikas. Agora existe algo engraçado nisso… os usuários, torcedores do São Paulo, do Twitter, cuja maioria absoluta prega a liberdade de expressão e afins, foram os primeiros a pedir a cabeça do diretor. Hipocrisia? Imagina… mas para quem achava que era um caso isolado – inocente, hein? – vemos o fato se repetir.
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Hoje o jornalista Felipe Milanez, editor da revista National Geographic Brasil, licenciada pela editora Abril, foi demitido nesta terça-feira (11) por ter criticado a revista Veja, também da editora Abril. Felipe teria tuitado “Veja vomita mais ranso racista x indios, agora na Bolivia. Como pode ser tão escrota depois desse seculo de holocausto?". E não parou por aí. "Eu costumava ignorar a idiota Veja. Mas esse racismo recente tem me feito sentir mal. É como verem um filme da Guerra torcendo pros nazistas".
O motivo da demissão foi oficial: o tweet. A editora assumiu que as críticas de Milanez a Veja foi o motivo de seu afastamento. Não adiantou ele utilizar o argumento mais racional: "Fui bem duro, fiz comentários duros, mas como pessoa; não como jornalista. Fiquei pessoalmente ofendido. Mas estou chateado por ter saído assim. Algumas frases no Twitter acabaram com uma porrada de projetos"
Não faz muito tempo eu estava conversando com um publicitário de renome aqui no estado e ele me disse que se controla muito para não falar mal de marcas e empresas no Twitter pois não sabe o dia de amanhã. Segundo ele isso poderia fazer que, mais na frente, ele fosse preterido em uma seleção de agência por “pecados passados”. Eu mesmo já dei uma pisada na bola dessa e levei puxões de orelha de todos aqui na Dani e do cliente. É algo que realmente temos que observar: até que ponto vai essa nossa liberdade de opinião? Ou melhor, até que ponto estamos de verdade livre de policiamento? Em tempos em que empresas antenadas tem searchs contínuos de citações por suas marcas?
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E, para quem acha que isso é coisa de tempos de Twitter se engana. Não é de hoje que o RH de grandes empresas – e algumas não tão grandes – usam as redes sociais para saber mais sobre candidatos a diversos cargos. O Orkut, durante muito tempo, foi o maior acagüete das mídias sociais. Participar de comunidades como “Eu odeio meu chefe”, “Finjo estar doente pra ir ao jogo”, “Eu faço sexo no trabalho” e afins podia lhe prejudicar demais em alguma seleção. Fotos mais ousadas ou sem noção e até mesmo recados “diferentes” podiam significar a não contratação ou até mesmo demissão.
É preciso ter em mente de que sua liberdade é limitada pelas suas expectativas. Baixar o sarrafo em uma pessoa com quem você, mais na frente, pode vir a ter uma relação comercial não é exatamente sinal de transparência e coerência… é sinal de burrice. O mesmo vale na hora de falar mal de alguma marca ou empresa. É preciso ter um certo cuidado a não ser, claro, que você tenha certeza de que não tem nada a perder… nem hoje, nem amanhã, afinal só tem uma coisa cuja a memória é maior que a do elefante… a WEB.

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