quinta-feira, 8 de julho de 2010

O stress pode ser criado pelo pensamento

Os pensamentos automáticos que são originados em nosso diálogo interno treinam a pessoa a ter pensamentos distorcidos, gerando uma percepção negativa de si mesma. Isso dificulta o enfrentamento das situações difíceis da vida.
O stress (ou estresse) é chamado de “mal do século” em vista das conseqüências negativas que gera ao bem-estar das pessoas. Pela dinâmica atual da vida, a maior parte de nós é constantemente submetida a alguma situação de stress. Oras vivemos uma situação de stress individual oras estamos em meio a uma manifestação coletiva de stress, quer seja no trânsito, na rua, na empresa, num estádio de futebol, numa rodovia, enfim, deparar com situações que tiram a nossa paz parece ter virado rotina.
Stress é uma palavra latina usada na área da saúde desde o século XVII. Em 1926 Dr. Hans Selye, pai da “estressologia” descreveu-o como sendo um estado de tensão patogênico do organismo. O stress é um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo (homeostase). Hoje a palavra “estresse” já faz parte da Língua Portuguesa. Os especialistas preferem o termo stress, porém, ambos estão corretos (LIPP, 2003, p. 12).
Mas é possível que a fonte de stress esteja dentro de nós mesmo. Albert Eliss (apud Alcino, 2003, p. 36) criou um sistema teórico denominado Teoria Racional Emotiva. Entre os princípios básicos desta teoria está a crença de que a cognição (pensamento) é a determinante mais importante (não única) da emoção humana e que os estados disfuncionais (stress, ansiedade e depressão) são resultados de processos de pensamentos disfuncionais, que Eliss chamou de “crenças irracionais”, caracterizadas por uma visão dogmática e absolutista de interpretar situações. A Terapia Racional Emotiva enquadra as crenças irracionais nas siglas ABC, onde A é “situação”, B “crença” e C “causas das reações emocionais”. Percebe-se que a maioria de nós justifica o stress elencando uma série de causas (C) e esquece-se das crenças (B), que podem ser as verdadeiras razões para a ocorrência do stress. Os pensamentos automáticos que são originados em nosso diálogo interno treinam a pessoa a ter cognições distorcidas (pensamentos distorcidos), gerando uma percepção depreciativa e negativa de si mesma.
A estudiosa Adriana Batista de Alcino (2003) traz uma série de situações onde a crença interfere no estado emocional e físico de uma pessoa. Para ilustrar citamos abaixo duas destas situações:
Crença: Pessoa que acredita que deve ser estimada e aprovada por outros.
Situação: Se dedica ao máximo no trabalho esperando reconhecimento. Se a aprovação não acontecer ou houver alguma reprovação, pode gerar as seguintes crenças:
Crença racional: “Não estou feliz por ter sido reprovada, mas não é o fim do mundo”
Crença irracional: “Fiz tanto e eles não reconheceram meu esforço. Não aceito isso. Só fico aqui porque não tenho outro emprego”.
Reações geradas: tensão, angústia, frustração, raiva, crescente sentimento de insatisfação.

Crença: É mais fácil evitar do que enfrentar certas responsabilidades.
Situação: Pessoa se acha incapaz de resolver algo e é tomada por sentimentos de insegurança.
Crença racional: “Devo me acalmar e enfrentar esta situação mesmo que seja difícil, sempre existe uma primeira vez e não preciso me cobrar tanto”.
Crença irracional: “Como não me acho capaz de resolver estes problemas e tenho pouca estrutura emocional para este tipo de coisa, o melhor mesmo é deixar como está para ver como é que fica”
Reações geradas: bloqueio, tensão, negação, ansiedade...(ALCINO, 2003, p. 37-41)

A autora apresenta possíveis antídotos contra esta formação equivocada de pensamentos:
1 – Faça uma reestruturação cognitiva: anote acontecimentos (Situação), que pensou (Pensamento), a reação emocional/física (Reação); faça perguntas racionais sobre a disputa ou desafio interior (Disputa/Desafio); e por fim o efeito, ou seja, depois de “lutar” interiormente, qual foi o efeito final (Efeito).
2 – Faça Dieta Cognitiva: tente evitar certos pensamentos que fazem mal.
3 – Aceite as “Quatro revelações da vida adulta”:
A recompensa não existe;
A razão nem sempre prevalece;
Nem sempre as pessoas vão tentar o máximo e fazer o melhor que podem;
Não existe um modo único e adequado de atingir metas.
4 – Evite a visão do “tudo ou nada”. Abandone a crença que diz que, se a pessoa é de um jeito, não pode ser de outro (Adaptado de ALCINO, 2003, p. 44-49).

Por mais complicada que pareça uma situação, o melhor mesmo é termos confiança num futuro bom e agir. Ao invés de lamentar ou criar barreiras mentais, além daquelas que já existem na realidade, é preciso buscar soluções possíveis e implementá-las. O stress é um inimigo muito forte, mas não é invencível. Vamos à luta contra ele para podermos saborear a vida com o interesse e valor que merece. As pessoas que nos amam esperam isto de nós.

Prof. Adolfo Pereira é mestrando em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida pelo UNIFAE, especialista em Gestão de Pessoas pela PUC, Diretor da APCE - Adolfo Pereira Consultoria Empresarial, Palestrante, Consultor e Professor Universitário (adolfoplinio@terra.com.br / www.incorporativa.com.br).

Referência Bibliográfica
ALCINO, Adriana Batista de. Criando stress com o pensamento. In: LIPP, Marilda Emmanuel Novaes (org), O stress está dentro de você, São Paulo: Cortez, 2003.

LIPP, Marilda Emmanuel Novaes. O que eu tenho é stress? De onde ele vem? In: LIPP, Marilda Emmanuel Novaes (org), O stress está dentro de você, São Paulo: Cortez, 2003.

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